domingo, 9 de janeiro de 2011

Estudo DIP e é isto que sai.

Ora muito bem. Tenho exame de Direito Internacional Público amanhã. Seria de esperar que estivesse a estudar. Mas quem quer que esteja à espera que eu estude hoje... bem... digamos apenas que não recomendo que sustenham a respiração. Em vez de estar a estudar, estou naturalmente a ler o Público. E foi por isso que acabei aqui. E aproveitando o facto de a Jay ter aberto a porta, vou-me lançar numa longa, entediante e, possivelmente, polémica análise da situação política actual:

MANIFESTO DO POBREZINHO DO CIDADÃO

Estamos, clara, inequivocamente e sem quaisquer eufemismos naquilo que muitos chamariam de esterco e que eu chamo de merda. É verdade meus senhores. Não vale a pena fazer cara feia. Estamos na merda e nada do que digam me vai demover. Pois se não estivéssemos na merda, não cheiraria tão mal por certo. Mas bem sei que poucos seriam os que discordariam desta minha análise que, de longe, é a mais consentânea com a realidade. E de facto, esta afirmação leva-nos necessariamente a uma questão: se estamos na merda, como é que viemos cá parar? Para responder a esta questão de uma forma satisfatória, seria necessário discorrer longamente acerca da História atribulada a nível económico de Portugal; acerca da nossa predisposição para ser um país de mero transporte de bens, em vez de produção; acerca da nossa sina de gastos excessivos provocada por uma cultura de ostentação longamente acarinhada pela Religião Católica que dominou sempre os nossos cidadãos (cidadãos de um Estado, súbditos de uma religião foi o que sempre fomos); e, é claro, uma elite corrupta e pouco preocupada com interesses que transcendam os da sua esfera pessoal que encontram eco numa massa popular permissiva e até algo invejosa do privilégio de se poder ser corrupto. É claro que podia discorrer acerca de tudo isso. Mas não o farei. Bem sei, bem sei. Parece tudo super interessante e é quase um crime eu não dissertar sobre cada um daqueles motivos. E sim, podia-me mesmo alongar em extenuantes debates meta-históricos, que teriam como única conclusão esta que vos ofereço (para que depois possam fingir que fizeram esse longo debate e reflexão meta-histórico): o país está na merda porque nunca de lá saiu. E sim, meus senhores, estou a dizer que para além de viverem na merda, também são uma merda. Não neguem por favor. Bem sabem que é verdade. Tão culpado é o que rouba como o que deixa a porta aberta. E temos que ser justos: que grande porta aberta que nós deixámos. É um verdadeiro portão meus senhores, um verdadeiro portão. Mas não faz mal. Tudo isso perde significado. Entendemos já que estamos na merda. Também já entendemos que estamos lá porque nunca tivemos grande vontade de de lá sair (quentinha não é?). Agora, e pressupondo uma mui ilusiva vontade de sair, temos que descobrir, como nos tiramos daqui? Há por certo quem aponte revoluções, quem esbraceje na direcção de organismos internacionais (yay, rotos e mendigos, isso é que é chafurdar han?), quem baixe os braços e diga simplesmente 'isto era vender tudo à Espanha'. Mas de facto, a solução não se encontra em nada disso. Temos sobrevivido de fluxos ocasionais de dinheiro, momentos em que o dinheiro abunda (não para o povo, para o Estado) o que nos permite uma sempre periclitante independência com muitos sorrisos e 'desculpe senhor doutor'. Mas o momento de tomarmos os nossos destinos, passado há muito, é certo, ainda ecoa. Ainda podemos tomar o nosso destino e lançar mãos à obra. Usemos os nossos recursos naturais (ih, pois é, temos disso não é?), produzamos com qualidade e quantidade. E depois, vendamos. Com abundância e a todos os que queiram. E, quando tivermos dinheiro, deixemos os mercedes e os BMWs. Trabalhemos ainda mais, mas agora com mais dinheiro. Portugueses em todo o mundo: Trabalhai!!! Mais, portugueses em todo o mundo: Trabalhai com gosto e bem!!! Meus senhores, esta é a verdadeira solução. E atenção, não sigo as pegadas de alguns economistas que dizem que os pobres são pobres porque não trabalham. Pelo contrário, os pobres são pobres porque ao trabalho que fazem falta o impacto, falta o seguimento de todos os outros. Trabalhemos todos. Mais que um novo Presidente, mais que um novo Governo, mais que uma nova Assembleia, mais do que a morte de todos os Abertos João Jardim por este país (coitadinho, fica melhor rápido), precisamos de trabalhar todos. Dito isto:


Apoiem Fernando Nobre para Presidente e o PCP para a Assembleia (e consequentemente para o Governo).

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